Carência de empregados pode evidenciar problemas de RH
Um dos fatores que agrava a fuga de talentos de uma
organização é justamente a intensa comunicação entre os jovens por meio das
redes sociais
Em função da baixa taxa de desemprego experimentada no Brasil, muitas
empresas reclamam das dificuldades de encontrar pessoal qualificado. No entanto,
esse sintoma pode mostrar que, mais do que falta de pessoal, a empresa vive
mesmo um apagão de gestão de pessoas. Segundo Eduardo Carmello, diretor da
Entheusiasmos e palestrante reconhecido nacionalmente, há casos de grandes
bancos brasileiros que perdem, todos os anos, mais de 6.000 empregados que
deixam a organização por vontade própria, em busca de empregos com mais
oportunidades de crescimento e em ambientes com meritocracia e relacionamentos
justos.
“Em um cenário de carência de profissionais qualificados, perder um volume
tão grande de pessoas pode colocar em risco o próprio desenvolvimento da
organização para o futuro. Não há estatísticas confiáveis no Brasil, mas um
estudo da Business School de SP evidenciou que as duas principais razões para
alguém deixar uma empresa são falta de oportunidades de carreira (30,8%) e
relações tumultuadas com a chefia (26,2%). O baixo salário, por exemplo, nem
aparece entre as razões mais importantes de desligamento voluntário”, assinala
Carmello.
Os problemas de gestão de pessoas que levam os empregados a deixarem a
empresa ficam ainda mais evidentes quando se constata que a terceira causa mais
importante do turn-over, segundo a pesquisa da Business School SP, é a falta de
alternativas que permitam conciliar a vida pessoal, familiar e profissional em
função das demandas do trabalho. Para Carmello, este indicador evidencia
práticas de gestão muito antigas, que impunham a submissão dos interesses
pessoais aos interesses da organização:
“Especialmente em relação ao jovens profissionais, o equilíbrio entre vida
pessoal e profissional pode ser determinante para que o empregado sinta desejo
de seguir na empresa e se motive para o trabalho. Se este equilíbrio não existe,
a organização perderá muitos jovens, o que pode colocar em risco o futuro da
empresa”, alerta Carmello.
Gestores de resultados – Palestrante e consultor com atuação em todo o País,
Carmello acredita que os bons gestores de pessoas, estejam no RH ou em outras
áreas, atuam com o claro objetivo de traduzir o caminho estratégico da empresa
para os empregados, ajudam a incorporar valores às atividades do dia a dia e,
mais importante, trabalham sistematicamente na capacitação das pessoas:
“Se o gestor não desempenha bem estes papéis e, ainda por cima, desestimula a
permanência das pessoas na empresa, levando a uma fuga de talentos, trata-se de
um gestor de resultados negativos, pois ele está alimentando a espiral que vai
levar a organização a enfrentar sérios problemas no futuro”, alerta.
Um dos fatores que, segundo Carmello, agrava a fuga de talentos de uma
organização é justamente a intensa comunicação entre os jovens por meio das
redes sociais:
“As pessoas conversam muito hoje em dia e trocam impressões sobre tudo, do
jogo de futebol, ao filme, ao espetáculo de teatro. E também em relação ao
trabalho, à empresa onde atuam. Se uma empresa é mal referenciada por seus
próprios empregados, vai enfrentar dificuldade na atração de talentos, pois
assim como buscamos informações sobre determinado filme na Internet, também
pesquisamos se a empresa que está nos chamando para uma oportunidade é séria ou
não”, explica Carmello.
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