Acesso à agua potável aumenta, mas mundo ainda sofre com falta de saneamento
No início do mês de março, a UNICEF e a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgaram o relatório “Progress on Drinking Water and Sanitation 2012” (Progresso sobre Água Potável e Saneamento 2012), onde consta que o mundo alcançou a meta do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) de reduzir, pela metade, a proporção de pessoas sem acesso à agua potável segura. Mais de 2 bilhões de pessoas passaram a ter acesso a fontes de água melhoradas, como poços protegidos e abastecimento canalizado.
De acordo com o relatório, no final de 2010, 89% da população mundial (6,1 bilhões) dispunha de água potável, 1% a mais do que os 88% da meta do ODM. A UNICEF e a OMS esperam que, até 2015, 92% da população mundial terá acesso a esse recurso.
As organizações, porém, chamam a atenção para os 11% dos habitantes do planeta (783 milhões de pessoas) que ainda não dispõem de água potável e para os 37% sem acesso a serviços de saneamento básico (2,5 bilhões de pessoas). “Os números ainda são chocantes, mas os progressos anunciados demonstram que as metas dos ODM podem ser alcançadas, com vontade, esforço e fundos”, disse Anthony Lake, diretor executivo do UNICEF, durante o lançamento do relatório.
Disparidade entre regiões – Apesar dos números globais parecerem positivos, eles encobrem grandes diferenças entre regiões, além das disparidades internas encontradas em alguns países. A situação mais crítica é encontrada na África subsaariana, onde apenas 61% das pessoas tem acesso à água potável. Esse índice, na América Latina e Caribe, Norte da África e algumas regiões da Ásia, por exemplo, chega a 90%. “Alcançamos uma meta importante, mas não podemos ficar por aqui. O nosso próximo passo deve ser chegar às pessoas que são mais difíceis de alcançar, os mais pobres e mais desfavorecidos. A Assembleia-geral das Nações Unidas já reconheceu a água potável e o saneamento como direitos humanos, o que significa que temos de assegurar que todas as pessoas tenham acesso aos mesmos”, disse o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
No Brasil – Segundo o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos 2009, publicado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental em 2011, 81,7% da população brasileira é atendida por serviços de abastecimento de água e 44,5% dispõe de coleta de esgoto. Em comparação a 2008, o índice de abastecimento de água registrou crescimento de 0,5 ponto percentual. Já a coleta de esgoto, apesar de registrar oscilação positiva, ainda não atende a mais da metade das residências brasileiras.
As disparidades entre as regiões brasileiras são visíveis. A região sudeste, a melhor servida por serviços de água e esgoto, registra índice de atendimento de 90,6% (água) e 68,2% (esgoto), enquanto as regiões Norte e Nordeste registram, respectivamente, 58,5% (água) e 6,2% (esgoto) e 69,7 (água) e 19,7% (esgoto).
Para Albano Araújo, coordenador da estratégia de água doce da organização The Nature Conservancy, a questão do acesso à água potável e saneamento, no país, é uma questão de prioridade de investimentos. “Durante décadas as ações de captação e tratamento de esgotos, especialmente, não foram prioritárias porque elas não dão o mesmo retorno político das ações mais visíveis, como construção de estradas, pontes, monumentos, etc. Atualmente, uma parte do nosso déficit nesta área seria coberto com as ações do PAC, mas, ainda assim, não se resolveria o problema completamente”, diz Araújo.
Por Diogo Silva
http://www.ressoar.org.br/dicas_meio_ambiente_dia_mundial_agua_2012.asp
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