Cenário econômico pode explicar a multiplicação de greves pelo país

Greves se multiplicam por todo o país. Funcionários públicos, da iniciativa privada e até bombeiros fizeram uma paralisação. O que está acontecendo? Qual é a explicação?

Os especialistas explicam que há uma perigosa mistura entre inflação, economia aquecida e falta de mão de obra. Em alguns casos, a reivindicação por melhores salários resultou em protesto e tumulto como:

A greve dos bombeiros do Rio de Janeiro. A invasão do quartel e o confronto com a polícia foi o extremo de uma negociação de meses com o estado que nunca caminhou para o acordo. Salário é a reivindicação, a mesma de todas as outras categorias em greve.

Em Curitiba, os funcionários da fábrica da Volks não trabalham há 33 dias. Mais de 19 mil veículos deixaram de ser produzidos: um prejuízo de R$ 800 milhões, na maior paralisação da história da montadora.

Na Bahia, são cinco mil professores parados nas quatro universidades estaduais. Os estudantes estão sem aula há mais de dois meses.

Em Minas Gerais, é a Polícia Civil que protesta. Investigadores, escrivães, detetives e delegados não trabalham em 80% das delegacias desde o dia 10 de maio.

Em São Paulo, os sindicatos pararam algumas linhas de trens da CPTM e os ônibus da região do ABC, o que gerou um caos para quem dependia de transporte público.

O cenário econômico pode explicar todas essas greves - mercado de trabalho aquecido com falta de profissionais qualificados, crescimento menor e inflação que pesa dos dois lados corrói o salário dos trabalhadores e a lucratividade das empresas.

Toda vez que temos a economia crescendo e o mercado de trabalho aquecido, significa uma segurança maior para o trabalhador, porque essa economia crescendo gera maiores oportunidades e gera também uma disputa e uma competitividade entre as empresas para segurar os seus profissionais mais qualificados.

Do outro lado da mesa, os empresários pesam os reajustes salariais de anos anteriores, os impostos e o aumento no preço das matérias-primas e energia elétrica.

As pesquisas estão indicando que tanto a produtividade quanto a rentabilidade das empresas estão caindo. Ou seja, há uma certa ilusão de que o mercado de trabalho pode ser favorecido porque o consumo é alto.

A situação pode se complicar ainda mais no segundo semestre. Temos categorias muito grandes e muito bem organizadas que entram em negociação, como é o caso dos bancários, dos petroleiros, dos metalúrgicos. Esperemos que a inflação recue e que o bom senso volte do lado dos dois parceiros para poder manter uma negociação que seja mais racional e mais civilizada.

Analistas de mercado apontam expectativas de inflação em 2011 de 6,22%, índice que está bem acima da meta do governo, que é de 4,5%. 

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