Como as pessoas aprendem melhor?






Discutindo os resultados de uma ação de mapeamento para um projeto de formação, um ponto me chamou muito a atenção. A pergunta que me foi feita é “para que servem esses indicadores aqui que você chama de estilos de aprendizagem?”. E isso foi muito bom para o momento daquele diálogo, porque me permitiu explorar um ponto que considero vital para qualquer programa de treinamento: entender como o público dessa ação aprende melhor.

Antes de me aprofundar mais no tema, gostaria de compartilhar um conceito que gosto muito, em que Vergnaud (1990, p. 52) afirma que “o saber se forma a partir de problemas para resolver, quer dizer, de situações para dominar. [...] Por ‘problema’ é preciso entender, no sentido amplo que lhe atribui o psicólogo, toda situação na qual é preciso descobrir relações, desenvolver atividades de exploração, de hipótese e de verificação, para produzir uma solução”.

Mas, além do conceito de “saber”, é preciso ter ferramentas que auxiliem no diagnóstico dos estilos de aprendizagem em um grupo e, assim, direcionar melhor possíveis ações mais assertivas. Temos algumas teorias e modelos que auxiliam nesse diagnóstico. Algumas se baseiam na chamada programação neurolinguística (PNL), enquadrando as pessoas em três estilos fundamentais:

- Um primeiro estilo é o visual, próprio daqueles que visualizam a informação recebida de forma global primeiro, pensando rapidamente no que está recebendo, quase sempre “saindo um pouco do ar”. Não processam grandes números de informações diferentes ao mesmo tempo e, para obter os melhores resultados com essas pessoas, é ideal trabalhar sempre com informações em forma de esquemas, gráficos, vídeos e afins, reforçando também a indicação de leituras que contenham os mesmos recursos;

- O segundo estilo é o auditivo, que é comum àqueles que constroem um cenário mental ou o conhecimento a partir das informações que ouvem e são prejudicados quando há muitos ruídos, porque precisam fixar o olhar no emissor da mensagem, já que tendem a repetir para si o que ouvem para reter a informação. Para essas pessoas, é importante, após um treinamento, por exemplo, fornecer algo que possa ser revisitado sempre como um vídeo ou disponibilizar acesso a gravações do que foi dito;

- Por fim, temos o cinestésico, que aprende melhor participando e executando atividades, construindo o conhecimento pela experiência motora. Não processam bem as informações se forem impedidos de dinamizá-las de alguma forma, seja criando ou recriando algo com aquele conhecimento. A melhor forma de envolver um cinestésico em qualquer projeto de formação é oferecendo a ele um ambiente diverso, com ação e mudança constante na forma de apresentar as informações.

Esses estilos são também classificados com outras nomenclaturas, que levam quase invariavelmente ao mesmo conceito. Existe a Conceituação Abstrata, dos indivíduos que aprendem melhor ao entender a teoria por trás do conhecimento, a Experiência Ativa, dos que aprendem melhor ao dominar os passos do processo, a Experiência Concreta, dos que aprendem melhor ao viver a situação e Observação Reflexiva, daqueles que aprendem melhor pela observação dos resultados, pensando sobre as suas próprias experiências e as de terceiros.

Para conseguir identificar os estilos predominantes nos grupos ou os estilos individuais em seus colaboradores, é possível se aplicar algumas ferramentas como questionários específicos (Exemplo: Ferder-Silverman, 1988), entrevistas e, citando um case particular, até games virtuais corporativos com base de dados específica para gerar relatórios com perfis de aprendizagem mapeados nas ações do jogador frente às situações apresentadas (Jogo da Cidade – e-Lead).

Obviamente o tema permite e requer um trabalho muito mais aprofundado do que essa síntese que apresento aqui, como forma de estimular sua discussão. O importante é reforçar que no trabalho com a educação corporativa, é preciso começar a conhecer os estilos de aprendizagem e como eles se apresentam no cenário em que se desenvolve qualquer ação de formação para um melhor direcionamento ou foco do trabalho.

Como você trabalha com essa diversidade de estilos na sua realidade? Contribua compartilhando sua experiência!


VERGNAUD, G. La théorie de champs conceptuels. Recherches en Didactique de Mathématiques, 1990, vol 10, n°2.3, pp. 133-170.
FELDER, R. M. SILVERMAN, L.K. Learning and teaching styles in engineering education. Engineering Education, V.78, Nº7, 1988.

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